Cintilografia Pulmonar (Inalação e Perfusão)

Outros nomes que este procedimento pode ser chamado:

  • Cintilografia Pulmonar de Inalação e Perfusão (V/Q)
  • Mapeamento Pulmonar de Inalação e Perfusão
  • Mapeamento Pulmonar para Pesquisa de Embolia
  • Pesquisa de TEP Pulmonar
  • Diagnóstico de Embolia Pulmonar

 Introdução:

A cintilografia é um exame que faz parte da Medicina Nuclear, é um procedimento diagnóstico por imagem que faz uso de compostos radioativos para se obter  imagens para fins diagnósticos mais precisos.
No caso da Cintilografia Pulmonar (Inalação e Perfusão) V/Q,  o exame estuda especificamente o pulmão quanto à aeração, circulação sanguínea e vascularização do órgão.

Indicações: 

  • Diagnóstico de tromboembolismo pulmonar agudo.
  • Diagnóstico de tromboembolismo pulmonar crônico.
  • Avaliação do grau de resolução do tromboembolismo pulmonar (comparando-se com estudo prévio).
  • Avaliação e Quantificação de shunt direita-esquerda.
  • Quantificação diferencial da função pulmonar antes de ressecção pulmonar.
  • Avaliação de transplante pulmonar.
  • Avaliação da etiologia de hipertensão pulmonar.
  • Avaliação doenças parenquimatosas crônicas.

Radiofármacos:

  • Cintilografia de Inalação Pulmonar: [99mTc]-DTPA (Ácido dietileno triamino pentacético) ou [99mTc]-fitato. Os aerossóis nebulizados seguem o fluxo de ar até as vias aéreas periféricas, onde se depositam nos bronquíolos terminais e nos alvéolos e são lentamente absorvidos pelo sangue capilar.
  • Cintilografia de Perfusão Pulmonar: [99mTc]-MAA (macroagregado de albumina humana). Essas partículas ficam retidas nas arteríolas pré-capilares pulmonares, provocando microembolizações (fator de segurança 1:1000). Registra a distribuição do fluxo sanguíneo arterial pulmonar.

Preparo:

Não existe preparo específico.

Como é feito o exame?

  • O paciente será recebido pelo setor Recepção, onde deverá providenciar os documentos previamente relacionados para criação ou atualização da ficha cadastral, bem como ler e assinar o termo de consentimento livre e esclarecido para realizar o exame.
  • O paciente receberá um crachá de identificação e será encaminhado ao setor técnico para início do procedimento com uma entrevista para coleta de dados, verificação de preparo e prestação de orientações.

→ Este exame é realizado em duas etapas: Inalação e perfusão.

  • Etapa da Cintilografia de inalação:
    O paciente será orientado detalhadamente como o exame será realizado, devendo seguir todas as instruções fornecidas pelo tecnólogo.
    Um dispositivo (bocal) será introduzido na boca do paciente e um clipe nasal será fixado nas narinas.O paciente será instruído a ”respirar o material radioativo pelo bocal“ durante 8 a 10 minutos.
    Em seguida o paciente será encaminhado à sala de exames e será posicionado na maca do aparelho, devendo permanecer deitado por aproximadamente 30 minutos. Imagens serão adquiridas em diversas projeções do tórax.
  • Etapa da Cintilografia de perfusão:
    Caso haja solicitação de cintilografia de perfusão pulmonar, o estudo será realizado após o término da cintilografia de inalação.
    Na mesma posição e no equipamento,uma veia periférica será puncionada e o traçador radioativo será injetado. O paciente será orientado a inspirar profundamente durante a injeção.
    Imagens nas mesmas projeções da cintilografia de inalação serão adquiridas a segui, durante aproximadamente 40 minutos.
  • Pesquisa de Shunt Pulmonar: Utiliza-se o traçador de perfusão pulmonar (MAA) que é injetado por via endovenosa em decúbito dorsal horizontal, respirando profundamente. As imagens de varreduras de corpo inteiro nas projeções anterior e posterior podem ser realizadas imediatamente após a injeção.

Efeitos colaterais e contraindicações:

Gestação e amamentação são contraindicações relativas. Deve-se pesar o custo-benefício e, caso o procedimento tenha de ser realizado, deve ser feito de maneira a minimizar a exposição à radiação sendo preferível realizar apenas a fase de perfusão, quando possível. Cabe ressaltar que, em mulheres grávidas com suspeita de embolia pulmonar e radiografia de tórax normal, a American Thoracic Society e a Society of Thoracic Radiology Clinical Practice recomendam a utilização da cintilografia pulmonar de perfusão como método de escolha para diagnóstico de TEP, pois é o método que resulta em menor exposição da mãe à radiação.

Como solicitar:  

  • Cintilografia de Inalação Pulmonar – Código TUSS: 40709027 / Código SUS: 0208070036
  • Cintilografia de Perfusão Pulmonar – Código TUSS: 40709035 / Código SUS: 0208070044
  • Quantificação de Shunt da Direita para a Esquerda – Código TUSS: 40701107 / Código SUS: 0208010068

Imagens:

Fig 1: Estudo normal: note a distribuição homogênea do radiotraçador nos pulmões no estudo de inalação e perfusão

Fig 2: Embolia pulmonar: note a distribuição homogênea do radiotraçador nos pulmões no estudo de inalação. O estudo de perfusão (à direita) mostra vários defeitos perfusionais acometendo o lobo superior direito e difusamente o pulmão esquerdo.

Fig 3: Estudo de inalação e perfusão pulmonar: Observe distribuição homogenea do radioaerossol. No estudo de perfusão à direita, há vários defeitos perfusionais, discordantes do estudo de inalação (mismatch) caracterizando embolia.

Considerações finais:

Na suspeita de embolia pulmonar, a cintilografia de perfusão anormal deve ser comparada à cintilografia inalatória e a um raio X de tórax recente (intervalo máximo de um dia antes ou após a realização da cintilografia). Em pacientes com embolias de repetição é necessária a comparação com as cintilografias anteriores.
Em geral, suspeita-se de embolia pulmonar quando são visualizados defeitos perfusionais segmentares ou subsegmentares, periféricos, numa área de ventilação normal e sem anormalidades significativas no raio X de tórax ou cintilografia inalatória. Entretanto, qualquer obstrução ao fluxo sanguíneo arterial pulmonar pode causar um defeito na perfusão com ventilação normal na mesma área (embolia pulmonar aguda ou antiga, lesão expansiva obstruindo artéria pulmonar, vasculites e radioterapia).

 Referências bibliográficas:

  • Bajc M, Neilly JB, Miniati M, Schuemichen C, Meignan M, Jonson B, et al. EANM guidelines for ventilation/perfusion scintigraphy : Part 1. Pulmonary imaging with ventilation/perfusion single photon emission tomography. Eur J Nucl Med Mol Imaging. 2009;36(8):1356-70.
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  • Parker JA, Coleman RE, Grady E, Royal HD, Siegel BA, Stabin MG, et al. SNM practice guideline for lung scintigraphy 4.0. J Nucl Med Technol. 2012;40(1):57-65.
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  • ZIESSMAN, H. A. et al. Medicina Nuclear.4 edição. SaundersElsevier: Rio de Janeiro, 2015. 464p.

Autora: Dra. Maria Izilda Previato Simões  – CRM/SP 43.261 – Médica Nuclear

CRM / SP 43.261 – Médica Nuclear