Densitometria óssea

Outros nomes que este procedimento pode ser chamado:

Dual X-Ray Absorptiometry (DXA).

Introdução:

A osteoporose é doença que frequentemente acomete mulheres pós-menopausadas e outros pacientes com fatores de risco, como a menopausa precoce, amenorreia, uso de corticoides, história pregressa de fratura, doenças crônicas do fígado, intestino e rins, câncer, dieta inadequada, uso de bebidas alcoólicas, fumo e sedentarismo, sendo o mais frequente a falta de vitamina D, podendo levar a fraturas patológicas com insuficiência – na população idosa, uma fratura de fêmur levará a morte 30% dos pacientes em um ano, denotando a importância do diagnóstico e tratamento precoce desta condição.

A densitometria óssea é considerada, na atualidade, o método de escolha no diagnóstico de osteoporose.

Diferentes estruturas do nosso corpo conseguem atenuar de forma distinta feixes de Rx. Por exemplo, os ossos por serem mais densos, conseguem atenuar mais do que a musculatura que por sua vez atenua mais que o tecido gorduroso. Com base nestas características conseguimos calcular a densidade das diferentes estruturas do corpo.

O equipamento de densitometria possui uma fonte de Rx que emite feixes de Rx com duas energias diferentes, que atravessam os sítios de análise e são captados por um sistema de detecção (Dual Energy X ray Absorptiometry – DEXA). Os feixes de Rx atenuados pelas estruturas do corpo e captados pelo sistema de detecção passam por um circuito eletrônico e são matematicamente calculados e comparados com um padrão de normalidade.

Fig 1: Densitometria óssea da coluna lombar

Indicações:

  • Mulheres com idade maior ou igual a 65 anos.
  • Mulheres na pós menopausa ou menores que 65 anos com fatores de risco para baixa massa óssea, tais como: baixo peso, fratura prévia, uso de medicação que promovem baixa massa óssea, doença ou condição associada a perda óssea.
  • Mulheres no período peri-menopausa (acima de 40 anos na transição menopausal) com fatores de risco para fratura, tais como: fratura prévia, baixo peso e uso de medicação de risco.
  • Homens com idade maior ou igual a 70 anos.
  • Homens com idade menor que 70 anos com fatores de risco para baixa massa óssea.
  • Adultos com fratura por osteoporose.
  • Adultos com doença ou condição associada com baixa ou perda de massa óssea.
  • Adultos em uso de medicação associada com baixa ou perda de massa óssea.
  • Qualquer pessoa com indicação para terapia medicamentosa para osteoporose.
  • Monitoramento de terapia para osteoporose.
  • Qualquer pessoa que não esteja recebendo terapia para osteoporose em que haja evidencias de perda óssea e que levem ao tratamento.
  • Mulheres interrompendo terapia hormonal.
  • Diagnóstico e acompanhamento de osteoporose/baixa massa óssea, verificando risco global de fratura e sendo o principalmente exame utilizado para averiguar o sucesso do tratamento.
  • Fraturas por baixo trauma ou fragilidade óssea ou atraumática.
  • Pacientes com fatores de risco para osteoporose, que incluem:

-Hipogonadismo;

– Uso prolongado de corticoides;

– Condições Reumatológicas;

– Condições Endócrinas;

– Síndromes Genéticas;

– Síndromes Disabsortivas;

– Condições Nefrológicas;

– Outras.

Também pode ser indicado exame de corpo inteiro para avaliação da composição corporal.

Radiofármacos utilizados:

Não há uso de qualquer substância injetável para este exame – é um exame feito com Raios-X oriundos de fonte selada.

Preparo:

Não existe preparo específico, porém é recomendável não ingerir comprimidos de cálcio 24 horas antes do exame para não promover artefatos na imagem.

O paciente deve vestir roupas leves, sem botões, zíperes, ou adereços de metal.

Pacientes que realizaram exames com contraste radiológico devem aguardar 1 semana para realizar a densitometria óssea.

Como é feito o exame?

O paciente será recebido pelo setor Recepção, onde deverá providenciar os documentos previamente relacionados para criação ou atualização da ficha cadastral.
O paciente receberá um crachá de identificação e será encaminhado ao setor técnico para início do procedimento com uma entrevista para coleta de dados clínicos e orientações sobre o exame.

O paciente será deitado no leito da máquina, primeiramente colocando as pernas elevadas em cima de um bloco especial para tal, e é feita a imagem da coluna lombar. Após, é retirado o bloco, e o paciente deve esticar as pernas e posicionar a perna direita, com auxílio da nossa equipe, em rotação interna para realização da imagem do fêmur proximal direito. Em caso de hiperparatireoidismo, serão realizadas adicionalmente imagens do antebraço não-dominante. Em caso de degeneração ou artefatos de imagem nos sítios listados, podem ser adquiridas imagens da perna esquerda ou antebraço (s), cada imagem pode durar em média 10 à 15 minutos.

Efeitos Colaterais e contraindicações:

Não há efeitos colaterais específicos.

Não existe contraindicação absoluta para esse exame. Porém, não é recomendado para mulheres grávidas.

Restrições:

  • Pacientes que não conseguem permanecer imóvel em decúbito dorsal.
  • Pacientes com cifose severa.
  • Pacientes muito obesos.

Como Solicitar?

Código SUS:    02.04.06.002-8

TUSS: 40808130 – Densitometria óssea – 2 segmentos (coluna e fêmur).

TUSS: 40808149 – Densitometria óssea – corpo inteiro: A densitometria de corpo inteiro está indicada, principalmente em crianças e adolescentes e quando se quer avaliar a composição corpórea.

Considerações Finais:

A densitometria óssea é recomendada periodicamente nos pacientes com diagnóstico de osteoporose/osteopenia/baixa massa óssea e nos pacientes com fatores de risco para tais condições. Como visto, apesar de muitas vezes ser tomada como exame rotineiro, ele serve para diagnóstico e tratamento de condição realmente mortal e tratável.

Os sítios que devem sempre ser analisados são coluna lombar (L1 a L4) e fêmur proximal. O antebraço deve ser adquirido e analisado nas seguintes situações: quando a coluna e/ou fêmur proximal não podem ser adquiridos ou analisados, nos pacientes com hiperparatiroidismo e pacientes muito obesos, que ultrapassam o limite de peso do equipamento. A porção 33% do rádio do antebraço não dominante deve ser utilizada somente para o diagnóstico, não sendo recomendada para o monitoramento.

Quanto há artefatos ou alteração estrutural de uma ou mais vértebras lombares, podemos excluir a(s) vértebra(s), desde que haja pelo menos duas vértebras que possam ser analisadas.

Em relação ao fêmur proximal, analisamos sempre o fêmur total e colo do fêmur e consideramos o menor valor da densidade mineral óssea. Para o monitoramento, o fêmur total é preferido.

Para a análise da densidade mineral óssea, a organização mundial da saúde (OMS) recomenda utilizar como referencia-padrão o adulto-jovem (T-score). Considera-se osteoporose quando o T-score se encontra abaixo de -2,5 desvios-padrão. Quando o T-score estiver entre -2,5 e -1,0 desvios-padrão considera-se osteopenia e maior que -1,0 desvio-padrão como normal.

A classificação da OMS só deve ser aplicada em mulheres na peri ou pós-menopausa e em homens com idade igual ou maior que 50 anos.

Para mulheres antes da peri-menopausa ou homens com idade inferior a 50 anos deve ser utilizado como referência-padrão indivíduos da mesma idade, sexo e etnia (Z-score). Considera-se como baixa massa óssea, quando o Z-score for menor que -2,0 desvios-padrão. Em algumas situações específicas, quando há uma causa secundária bem estabelecida (ex: uso crônico de corticoide), o termo osteoporose pode ser utilizado.

Por fim, medidas seriadas podem demonstrar eficácia do tratamento ou até mesmo indicar causas secundárias de osteoporose. O intervalo de tempo entre um exame e outro, geralmente é em torno de 1 ano, podendo ser menor, de acordo com a condição clinica do paciente. Para que o monitoramento seja adequado é necessário que o serviço de densitometria forneça o seu erro de precisão ou coeficiente de variação (CV%). Existe variações inerentes de cada serviço (relacionadas ao equipamento, ao posicionamento do paciente, o próprio operador e entre um operador e outro) que são representadas pelo erro de precisão. Essas variações não são próprias do paciente e podem falsear o ganho ou perda de massa óssea.

Avaliação de risco de fratura:

Diversas ferramentas tem sido utilizadas na avaliação de risco de fratura, porém a mais utilizada tem sido o FRAX. O FRAX é um algoritmo que calcula a probabilidade em 10 anos de ocorrência de fraturas maiores (quadril, coluna, úmero e punho) e a probabilidade de fratura de quadril. O risco de fratura é calculado pela idade, massa corpórea, fraturas previas, histórico de fratura por osteoporose na família, fumo, uso crônico de corticoide, artrite reumatoide, outras causas de osteoporose secundária, consumo de álcool e associa com a densidade mineral óssea do colo do fêmur. A estratificação de risco para fratura tem sido parâmetro para indicar tratamento medicamentoso para osteoporose.

Referências Biliográficas:

  • Posições oficiais da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (ABRASSO).
  • International Society for Clinical Densitometry (ISCD): Adult Official Positions 2019
  • National Osteoporosis Foundation Clinicians Guide to Prevention and Treatment of Osteoporosis
  • 2010 clinical practice guidelines for the diagnosis and management of osteoporosis in Canada: summary. CMAJ 2010.DOI:10.1503/cmja.100771
  • European guidance for the diagnosis and management of osteoporosis in postmenopausal women. J.A.Kanis et al. Osteoporosis International 30, 3-44(2019).
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Autores:

Dra. Dilma Mariko Morita – CRM / SP 68.023 – Médica Nuclear

Dr. Paulo Henrique Silva Monteiro – CRM / SP 148.543 – Médico Nuclear

CRM / SP 148.543 – Médico Nuclear